quarta-feira, 29 de março de 2017

Evangelho cresce em Cuba, apesar do sofrimento imposto pelo governo

Décadas de repressão, prisões e torturas de pastores, demolições de templos e proibição de pregação. Nada disso ajudou o governo comunista de Cuba a conseguir seu objetivo de impedir o crescimento da igreja evangélica na ilha caribenha. Atualmente, a nação experimenta uma explosão sem precedentes do número de convertidos.
Centenas de milhares de cubanos abandonando a prática da santeria – religião afro comum no Caribe – e passando a frequentar igrejas metodistas, batistas, presbiterianas e pentecostais, além de comunidades apostólicas. Há muitos que decidiram abandonar as igrejas católicas, que estão debaixo de controle do governo. Nos últimos anos o governo intensificou a perseguição, demolindo dezenas de templos, alegando que os evangélicos não estavam autorizados a construir. Com isso, os fiéis começaram a fazer cultos nos quintais das casas e ao ar livre, atraindo ainda mais pessoas.
“Há um avivamento nestas igrejas, nas diversas denominações no país e todas estão crescendo, não só no número de membros, mas na capacidade de sua liderança e ação social”, comemora o pastor Joel Ortega Dopico, presidente do Conselho Igrejas de Cuba (CIC), em entrevista à rede ABC.
Embora não haja estatísticas oficiais, pois o governo evita divulgar esses números, observadores projetam que 60% dos 11 milhões de cubanos sejam batizados na Igreja Católica, apenas 10% frequentam as missas.
Segundo especialistas consultados pela Associated Press, existem cerca de 40.000 metodistas, 100.000 batistas e 120.000 membros da Assembleia de Deus, o grupo pentecostal que mais cresce – no início dos 1990 eram apenas 10.000. O Conselho de Igrejas diz que existem hoje cerca de 25.000 locais de culto evangélico. No ano passado, as igrejas associadas ao CIC distribuíram 300.000 Bíblias.
Apesar deste panorama de crescimento, um relatório elaborado pelo Departamento de Estado dos EUA indica que o governo cubano continua reprimindo a liberdade religiosa. A organização Christian Solidarity Worldwide (CSW), com sede em Londres, possui o registro de 2.380 violações da liberdade religiosa em Cuba em 2016, incluindo 2.000 igrejas que foram fechadas, além de 1.400 processos de confisco de bens.
A CSW também denuncia perseguição e prisão de líderes evangélicos. Seu porta-voz, Kiri Kankhwende, denunciou o governo de Raúl Castro, que tenta restringir as atividades evangelísticas. Um dos casos mais conhecidos é o do pastor Juan Carlos Nunez, cuja igreja na província de Las Tunas foi derrubada. O mesmo aconteceu com o templo do pastor Bernardo de Quesada, em Camagüey.
Ambos são do Movimento Apostólico Cubano. Nunez, além de perder o espaço de culto de sua congregação, enfrentou julgamento por reclamações de vizinhos sobre o barulho. Acabou condenado a um ano de prisão domiciliar. “Nossa tarefa é pregar. Não nos misturamos com política”, desabafa. “Se houvesse uma lei de culto nada disso iria acontecer e tudo ficaria claro.” Já Quesada enfatiza que vai continuar pregando. “Não vou ficar quieto. Eles (as autoridades) me toleram, mas não me engolem”, assevera. Quando viu sua igreja ser derrubada, fez uma declaração surpreendente “Quer saber? Não importa que eles derrubem, a perseguição é boa para a Igreja, pois nos fortalece”.
De certa maneira, o espaço conquistado pelas igrejas fez com que elas passassem a ser vista de outra maneira. Em alguns casos, passaram a receber permissão oficial de atividades que antes eram proibidas, incluindo campanhas de prevenção da Aids, projetos de agricultura sustentável, energia renovável, distribuição de remédios, treinamento de trabalhadores agrícolas e socorro em casos de desastre. “As autoridades cubanas compreenderam a necessidade de nossa presença. O diálogo com o governo ainda continua, mesmo que nem sempre concordemos”, resume Dorilin Tito, pastor da Igreja Batista.
Fonte: Gospel Prime

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