Um caso de devoção incondicional terminou de uma maneira chocante:
uma mulher evangélica foi acusada, julgada e sentenciada por manter o
corpo de seu marido em um quarto mais de seis meses após sua morte
enquanto ela e os filhos oravam por sua ressurreição.
O caso foi registrado na cidade de Hamilton, no Canadá, e só foi
descoberto graças a uma ação de despejo. O xerife foi ao local com o
mandado e enquanto inspecionava os cômodos, pediu à viúva que abrisse um
quarto que estava “selado”.
Ao abrir a porta, o cheiro do corpo em decomposição chamou a atenção
do xerife, que encontrou o corpo de Peter Wald irreconhecível, coberto
por mantas presas com fitas a seu corpo.
De acordo com informações do Daily Mail, o processo de decomposição
ocorrido ao longo de seis meses atraiu ratos, apesar de a viúva ter
providenciado o fechamento das saídas de ar do cômodo e trancado portas e
janelas para evitar que o cheiro do corpo se espalhasse para outros
ambientes.
Kaling Wald, 50 anos, se declarou culpada no tribunal por não
notificar as autoridades sobre a morte do marido, e afirmou que durante
todo o tempo ela e os filhos oravam pela ressurreição do patriarca.
Peter Wald morreu aos 51 anos depois de ter infeccionado o pé
esquerdo e se recusado a procurar um médico, pois acreditava que a
oração seria suficiente para alcançar a cura. Como era portador de
diabetes, a infecção se agravou e ele caiu em coma.
Durante o período em que ele estava inconsciente, Kaling chegou a
dormir ao seu lado, mas dias depois notou que havia rigidez cadavérica, e
então tomou a providência de “selar” o quarto e orar por sua
ressurreição.
“É um caso extremamente triste… Ela realmente acreditava que seu
marido seria ressuscitado dentre os mortos, mesmo depois de seis meses”,
afirmou a subprocuradora Janet Booy.
A subprocuradora disse ainda que a devoção cristã de Kaling havia
chegado a um ponto que “maculou e entortou seu melhor julgamento”, pois
ela “orava diariamente para Peter voltar à vida”.
O Superior Tribunal de Justiça determinou uma pena suspensa a Kaling,
ordenando-a que realize serviços comunitários durante 18 meses e
procure aconselhamento. “Sua crença de que seu marido iria ressuscitar
não é um problema. Isto não é sobre suas crenças religiosas. Trata-se de
sua segurança, a segurança de seus filhos e a segurança da comunidade
em geral”, disse o juiz Marjoh Agro.
O site CBC relata que os proprietários do imóvel notaram uma mudança
no comportamento da família na época em que Peter morreu. O vizinho
Brian Dennis diz que viu a família dançando e cantando no quintal
vestidos de preto, e também havia visto moscas na janela do quarto e
pássaros bicando a tela.
Ele e sua esposa Brenda perguntaram a Kaling sobre a saúde de Peter, e
ela limitou-se a responder que “ele estava nas mãos de Deus agora”.
Apesar do susto, os vizinhos lamentaram não poder se despedir de Peter
apropriadamente: “Ele consertava as bicicletas das crianças e cortava a
grama dos vizinhos. Agora ninguém poderá dizer adeus a ele”, disse
Brenda.
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