A revista Veja SP publicou uma reportagem, assinada por
João Batista Jr., que participou da quarta edição da Escola de Líderes
da Associação Vitória em Cristo (Eslavec). Ele acompanhou, durante os
quatro dias do evento, o que chamou de “um dos maiores cursos nacionais
para a formação de pastores”.
A matéria mostra como cerca de 5.000 pessoas se reunirem para ouvir pregadores no evento criado por Silas Malafaia,
presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo. O maior destaque
foi para o custo de R$ 4 milhões do encontro e o fato de 3.000
matrículas serem distribuíram de graça pela organização.
O pastor Malafaia foi retratado como uma pessoa ambiciosa que já tem
120 igrejas no Brasil e quer mais 250 templos em dez anos. A matéria
enfatizou também como os evangélicos falam sobre dinheiro, no que chamou
de “supermercado da fé”, quando o material da Central Gospel (livros,
DVDs e CDs). “Você compra com cheques para trinta ou sessenta dias,
revende ao pessoal da sua igreja e ainda ganha um cascalho”, afirmou
Malafaia.
Ressaltou também a presença do pastor norte-americano T.D. Jakes, da
Potter’s House, de Dallas no evento. “Ele cobra US$ 300.000 por
palestra, mas para mim fez por US$ 60.000”, explicou Malafaia.
A revista Veja deu ênfase no crescimento dos evangélicos nos últimos
anos: “Com mais rebanho para cuidar, aumentou também a necessidade de
acelerar a formação dos pastores”. Para isso, segundo a revista existe
um alto “grau de profissionalização do negócio”.
Ressaltando que um pastor associado ao ministério de Malafaia pode
ganhar um salário de “até R$ 22.000 por mês”, quanto na Renascer chega a
“R$15.000 para os membros mais graduados”.
“Comuns no meio corporativo, as estratégias para reter talentos e
premiar funcionários que cumprem metas de lucros foram incorporadas ao
mundo neopentecostal por Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus.
Nos anos 90, quando ela passava por um forte processo de expansão,
Macedo criou um meio de supervisionar seus encarregados. Eles
permaneciam, em média, de um a dois anos em um templo para evitar que
saíssem para abrir a própria igreja, levando os fiéis”, afirma a
reportagem que tenta mostrar os pastores presentes no evento como
pessoas que almejam apenas o crescimento numérico e de poder, e só falam
em dinheiro.
No final, faz uma lista de “mandamentos para faturar e conquistar fiéis”, intitulada “TEMPLO É DINHEIRO”:
Inovar nas ofertas
Há múltiplas alternativas para pedir contribuições: para a construção
de novos templos, para imprimir livros, para ajudar a gravar um CD ou
para pagar uma palestra de um pastor de outro estado. A venda de objetos
como fronhas e toalhas figura entre outras fontes de receita. É
fundamental ter máquinas para receber ofertas nos cartões de débito e de
crédito.
Caprichar no discurso
Frases de efeito, muitas vezes cheias de clichês, são ditas a cada
minuto de forma a dar ênfase à mensagem e prender a atenção da plateia.
“Não deixar o cavalo morrer na batalha”, “A fofoca é capaz de destruir
as bases sociais” e “Morar com a sogra é ruim porque se dá um incesto
emocional” são alguns exemplos. Fechar os olhos enquanto se prega dá
ares ainda mais dramáticos.
Ter dons artísticos
Chorar, soltar o gogó como se cantasse numa ópera e pular de um lado
para o outro. O púlpito, muitas vezes decorado com telões de LED, vira
um palco, onde o pastor faz um monólogo. Daí ser fundamental dominar
técnicas teatrais, como saber dar ênfase exata a determinadas palavras e
mexer os braços de forma a projetar uma imagem de profeta. O visual
deve sempre estar alinhado.
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