O Ministério Público tem acompanhado investigações da prefeitura de
São Paulo sobre possíveis irregularidades na construção do Templo de
Salomão da Igreja Universal do Reino de Deus, e não descarta a
possibilidade de mover uma ação demolitória na Justiça contra o
megatemplo.
Para erguer sua nova sede, a Universal adquiriu uma série de imóveis
num dos quarteirões da avenida Celso Garcia, no bairro do Brás. Entre os
imóveis adquiridos estava uma antiga fábrica, que ocupava boa parte do
terreno onde o Templo de Salomão foi erguido.
De acordo com informações do jornal Folha de S. Paulo, em 2006,
quando solicitou à prefeitura autorização para reformar os imóveis,
incluindo a fábrica, a Igreja Universal afirmou que havia adquirido o
espaço “com toda edificação aprovada e existente no local”, e que apenas
parte havia sido demolida por questões de segurança apontadas por um
dos engenheiros contratados. “Decidimos, então, pela demolição parcial
em face dos riscos apontados”, afirma a denominação em um documento de
defesa enviado à prefeitura.
O pedido de reforma, e não de demolição para construção de um novo
edifício, se deu por conta da legislação municipal, que aponta o bairro
como uma Zona Especial de Interesse Social (ZEIS), o que obrigaria a
Universal a destinar 40% do espaço a moradias populares.
No entanto, fotos aéreas feitas pela prefeitura em 2003 e 2004
mostram que a fábrica já havia sido demolida, e que possivelmente, a
denominação do bispo Edir Macedo teria burlado a administração municipal
com informações falsas, que levaram a Câmara Técnica de Legislação
Urbanística (CTLU) a aprovar a obra que resultou no megatemplo que será
inaugurado hoje.
O promotor Maurício Ribeiro Lopes afirmou que o fato de a CTLU ter
aprovado a reforma não afasta a ilegalidade da obra, e que se for
comprovado que a Igreja Universal se valeu de informações falsas, o
Ministério Público irá pedir na Justiça a demolição do Templo de Salomão
que custou R$ 680 milhões.
Universal nega irregularidades
Em seu site oficial, a denominação do bispo Edir Macedo afirmou que
tomou conhecimento do “procedimento investigatório do Ministério Público
de São Paulo, acerca da aprovação das obras do Templo de Salomão” e que
até o momento “não foi ouvida ou sequer informada das irregularidades
supostamente praticadas”.
“É no mínimo prematuro afirmar que tenha havido ‘fraude’ em qualquer
etapa da construção do Templo de Salomão, que transcorreu ao longo de
quatro anos sob intensa fiscalização e grande transparência”, diz trecho
do comunicado.
Em sua conclusão, a igreja alega que há preconceito contra a
denominação e que cumpre as leis: “Reiteramos que a Universal preza pelo
rigoroso cumprimento das leis e pelo acatamento às autoridades
constituídas no Brasil e nos mais de cem países onde atua. Mas
exigiremos sempre respeito e não preconceito contra nossa fé”.
Templo de Salomão está sendo inaugurado hoje dia (31), apesar da falta do
Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) que a instituição emite
para o funcionamento de novas edificações.
Reprodução: Gospel+
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