Um pastor da Tanzânia pediu a seus seguidores que parem de
ir à remota região em que ele vive em busca de uma ”poção milagrosa”. As
visitas à sua casa começaram a causar caos na região, porque atraem
milhares de pessoas, e as filas se estendem por dezenas de quilômetros.
O reverendo Ambilikile “Babu” Mwasapile, de 76 anos, disse que não
quer que ninguém mais compareça a suas sessões de curandeirismo até a
sexta-feira, dia 1º de abril, prazo que deu para que as multidões de
peregrinos diminuam.
Uma repórter da BBC contou que as filas para uma visita a Mwasapile
chegam a ter 26 quilômetros de comprimento. De acordo com a mídia local,
cerca de 52 pessoas morreram quando esperavam para vê-lo.
A crença na magia e nos poderes dos curandeiros tradicionais são costumeiras na Tanzânia.
Alguns curandeiros afirmam, por exemplo, que partes do corpo de
pessoas albinas são eficazes na produção de encantos, o que provocou o
assassinato de inúmeros albinos nos últimos anos.
Em 2009, o governo da Tanzânia proibiu a atuação de todos os magos e curandeiros tradicionais no país.
Mas na segunda-feira, o primeiro-ministro do país, Mizengo Pinda,
disse que não iria tomar qualquer ação para impedir as sessões de
Mwasapile.
A popular poção do curandeiro da Tanzânia é feita de ervas e água,
que ele vende por 500 shilings tanzanianos (o equivalente a pouco mais
de R$ 0,50).
A repórter da BBC Caroline Karobia, quando visitou a região em que
Mwasapile vive, disse ter encontrado cerca de seis mil pessoas
aguardando para ver o pastor aposentado da Igreja Luterana Evangélica da
Tanzânia.
A maior parte delas dorme ao relento ou dentro de seus carros perto
da estrada que leva à casa do curandeiro, no vilarejo de Samnuge, que
não conta com abrigos, água potável ou banheiros.
Assim que se espalharam os rumores sobre o poder de cura da infusão,
muitas pessoas começaram a ser retiradas de hospitais por seus
parentes, que acreditam que elas têm mais chance de cura nas mãos de
Mwasapile.
Muitas acabaram morrendo antes de vê-lo, enquanto outras, segundo relatos, teriam morrido após tomar a sua poção.
O ministro da Saúde da Tanzânia, Haji Hussein Mponda, disse à BBC que
testes provaram que a mistura é segura para o consumo humano.
Ele acrescentou que estão sendo feitos novos testes para avaliar os supostos predicados médicos da infusão.
A polícia foi reforçada na região que leva à casa do pastor, a fim de
conter as grandes multidões, muitas das quais chegam a vir de outros
países, como o Quênia e até outras nações mais distantes.
Mwasapile pediu por uma interrupção na visita de seus seguidores, após um encontro com autoridades locais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário